domingo, 16 de dezembro de 2007

Drop´s alemão

Bom, ontem assisti a um filme estarrecedor sobre “camaradas” alemães “A vida dos outros”.
Saí do cinema de cabeça quente de tanto pensar. Assim como quando eu li 1984, achando que o “Grande Irmão” estava por toda a parte.
Mas não somente a 1984, este filme me remeteu – já que o personagem principal era um escritor - a um outro escritor alemão: Bertolt Brecht.
E logicamente ao chegar em casa tirei da estante dois livros comprados à cerca de dois anos.
Brecht tinha como o seu prato preferido a desigualdade social e a luta contra alienação política, tanto na poesia como na dramaturgia. Tenho uma de suas peças como um dos meus livros de cabeceira “A alma boa de Setsuan”, que levei cerca de um ano pra achar o texto depois de ter visto uma montagem feita por um grupo teatral que uma grande amiga fazia parte. Um exemplar que tirei da livraria - que, diga-se de passagem, descobri esta semana que não existe mais, a Belas Artes – já amarelado de tanto esperar que eu o encontrasse.
Existem livros que “surpreendentemente” somem das prateleiras das livrarias, as poucas que ainda existem, que são abarrotadas de livros de auto-ajuda, auto-cura, auto... Deixa pra lá não vou falar disso, não sobre isso que quero escrever, quero escrever sobre o Becht.
Brecht e sua obra apaixonante que me foi apresentada pela Drica, e através da doce e inesquecível “Senhorita Chen Te” que boba e romântica feito eu pensava que ia salvar o mundo.
Como sua obra também é feita de poesia, deixo uma das minhas prediletas:


O Pão do povo

A justiça é o pão do povo.
Às vezes bastante, as vezes pouca.
Às vezes de gosto bom, ás vezes de gosto ruim.
Quando o pão é pouco, há fome.
Quando o pão é ruim, há descontentamento.

Fora com a justiça ruim!
Cozida sem amor, amassada sem saber!
A justiça sem sabor, cuja casca é cinzenta!
A justiça de ontem, que chega tarde demais!
Quando o pão é bom e bastante
O resto da refeição pode ser perdoado.
Não pode haver logo tudo em abundância.
Alimentado do pão da justiça
Pode ser fito o trabalho
De que resulta a abundância.

Como é necessário o pão diário
É necessária a justiça diária.
Sim, mesmo várias vezes ao dia.

De manhã, à noite, no trabalho, no prazer.
No trabalho que é prazer.
Nos tempos duros e nos felizes.
O povo necessita do pão diário,
Da justiça, bastante e saudável.
Sendo o pão da justiça tão importante,
Quem amigos, deve prepará-lo?

Quem prepara o outro pão?
Assim como o outro pão,
Deve o pão da justiça
Ser preparado pelo povo.

Bastante, saudável, diário.

Um comentário:

Anônimo disse...

Acho que os camaradas me pegaram!

Esse filme é MUITO foda!